quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Mulheres com endometriose têm mais que o dobro de problemas sexuais



Mulheres com endometriose têm mais que o dobro de problemas sexuais em relação a mulheres sem a doença, de acordo com pesquisa da ginecologista Flávia Fairbanks, publicada pela USP (Universidade de São Paulo).
A endometriose acontece quando há problemas na saída do tecido endometrial, que descama normalmente durante a menstruação. Em vez desta mucosa que recobre o útero ser eliminada, ela gruda em outras partes do corpo, como os ovários ou a bexiga, e gera lesões.  
Cerca de 6,5 milhões de brasileiras têm endometriose e sofrem com os sintomas, que vão de intensas cólicas menstruais à dificuldade para engravidardor na barriga e dor durante o sexo.
A pesquisa analisou 583 mulheres, sendo que 254 pacientes tinham endometriose e 329 mulheres não tinham a doença. Na avaliação geral, 43,3% das pacientes com endometriose apresentaram disfunções sexuais, entre as sem a doença as disfunções ocorreram em apenas 17,6%.
Passei três anos conversando com mulheres doentes e elas perdiam o desejo sexual, a excitação. Algumas nunca tinham orgasmos e outras desistiram da vida sexual devido à dor."
Flávia Fairbanks, ginecologista
Normalmente, de acordo com Fairbanks, o maior problema sexual entre mulheres é a falta de vontade de ter relação, um transtorno mais comum. Porém, no grupo de pacientes com endometriose, as taxas de dor tiveram números mais altos.
Com o estudo, a ginecologista conclui que existe relação direta entre a doença e a piora do sexo e pede que o acompanhamento médico leve o tema em consideração durante o tratamento.

Não é só um problema físico

Nas consultas de rotina, os ginecologistas se preocupam em achar o órgão que a endometriose afetou e lidar com a infertilidade, mas a doença não atrapalha apenas o físico das mulheres. A pesquisa revela também que um terço das pacientes tinha depressão ou ansiedade severa associada à endometriose.
"Precisamos conversar sobre sexo desde a primeira consulta, olhar para o psicológico, as disfunções sexuais afetam a qualidade de vida."
"Não falamos em cura, pois cura é quando podemos afirmar que não vai mais voltar. Mas é possível controlar a endometriose e ficar sem os sintomas, mantendo sempre a vigilância", diz Fairbanks.
Dependendo do nível da doença, as pacientes afetadas conseguem engravidar e até fazer parto normal sem impedimentos. A gravidez pode beneficiar as mulheres, como a menstruação não ocorre durante os nove meses e o período de amamentação, os sintomas da endometriose acalmam. 

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